Electroshock e as Mulheres que não sabem estacionar

Vou somar mais 1 à lista de filmes vistos no festival Gay e Lésbico de Lisboa (Hurray for me!!). Conhecimentos na organização do festival (muito obrigado Cassilda Pascoaes) levaram-me a ir ver a sessão de encerramento, ao custo mínimo de zero euros. Filme escolhido – “Electroshock”, de Espanha e rodado em DV (único senão para mim. Nunca desapareças película, por favor!). Um filme lésbico com uma história extremamente tocante. Eu, que nem uma lá lágrima vertera pelo Brokeback, vi-me neste a ter que limpar uma ou outra a meio da sessão. Pieguices, pieguices, pieguices….verdade.

Componhamos o cenário: Espanha, 1973. Com Franco ainda no poder, o conservadorismo e as convenções tradicionais não são apenas escolhas. São leis, que punem todos aqueles que as infringem, como a homossexualidade, que dá pena de prisão. Neste ambiente vivem duas mulheres (adultas) que o acaso e o desejo as levam a irem viverem juntas. O infeliz resultado desta acção leva a que sofram uma separação forçada pela policia e pela própria família de uma delas que a interna num asilo psiquiátrico. Submetida a um tratamento de terapia de choque durante 4 anos, ela acabará por sofrer, durante toda a sua vida, as repercussões desse tratamento. Mesmo quando ambas se voltam a reencontrar. Mesmo quando tem a felicidade assegurada...
… e se acham que já contei o filme todo enganam-se porque o filme ainda é mais do que isto.
Tenho, sem falta nenhuma, ver se o arranjo.


E continuando no feminino, acabei de ser informado que uma marca de cerveja italiana (Peroni de nome) lançou um anúncio comercial televisivo que goza com o estereótipo sexista e sem fundamento de que as mulheres não sabem estacionar o carro (e conduzir, por adjacência). Segundo consta, o anúncio começa por mostrar uma mulher do século passado que não consegue estacionar a sua carruagem de cavalos, enquanto é observada por dois homens que bebem cerveja Peroni. Passam depois cem anos e a situação repete-se com uma mulher dos dias de hoje. O anúncio termina o lamentável slogan: “Felizmente, há coisas que nunca mudam”….
Verdadeiramente infeliz, dispensável e completamente ignóbil.
É claro que o anúncio não deixou as vozes da consciência indiferentes e uma advogada (Laura Vasselli, para que conste) entrou de imediato com um processo judicial contra a dita marca com base em preceitos discriminatórios.

Gosto de histórias que acabem bem.
:)

David Erif

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