Pintando a Parede do Quarto

Uma das minhas mais antigas implicâncias, consistia no simples e ousado desejo de ter algum dia a oportunidade de dar um toque de expressividade a uma parede, através de um desenho, pintura, rabisco… fosse o que fosse. Durante muito tempo essa implicância encontrou as barreiras de não ter o espaço e de eu próprio não saber desenhar, porque quer acreditem quer não, à nove meses atrás desenhar era algo que eu ignorava saber fazer. Para os meus tempos livres sempre tive maior inclinação para a informática, para a fotografia, para escrita ou até mesmo a música. Desenhar não se encontrava nesse quadrante e era algo que deixava de lado.
Uma vez ultrapassadas essas barreiras não vi nenhum impeditivo para dar uso à minha liberdade. Pedi material emprestado ao Arms_pt e atirei-me à parede. Aproveitei para registar o processo em vídeo portanto podem ver o resultado. Aqui em casa todos gostaram.


25 de Abril

O meu 25 de Abril começou mais cedo. O meu “aprender quanto custa a liberdade”, como canta Paulo de Carvalho, começou no dia 24 com a preparação do arraial no largo do Carmo. Para quem por lá tenha passado para admirar os stands, que fique com este acréscimo de informação de que eles não brotaram do chão e de que, sem estas mãos não tinha havido barraquinhas para ninguém a tempo e horas.
Como qualquer típica e boa organização portuguesa, o grupo responsável pela administração do evento não só não tinha quase nada pronto quando lá cheguei às 16h00 da tarde para arrumar os stands das Panteras e da ex aequo, como não havia gente para erguer, montar e preparar as ditas barraquinhas.
Bem-dito François, da associação Plataforma artigo 65 que partilhou comigo a irrepetível experiência de por tudo no lugar.

- “Ah tu est un de ces mecs qui aiment d'autres mecs", disse eles às tantas quando me vê com posters lgbt’s
- Oi. Ça c’est un problème pour toi?
- Non, pas du tout. C'est super.

Combinamos encontrarmo-nos noutro dia mas…… Lá está! O problema com estudantes de erasmus é que podem ser a maior experiência da tua vida mas, eventualmente, acabam por voltar para casa. Fala a experiência.
Ok, dia 25, propriamente dito:

Sara Martinho, aka Mrs Cacau; Paulo Corte-Real e Sérgio Vitorino

Marcha da Liberdade

Trabalhando com as Panteras Rosa

What a busy week! Começando pelas filmagens (e ainda bem que terminaram! Raios partam o André Gago!) e acabando em tudo o resto. Só hoje é que pude tirar o dia para mim e sentar-me com jeito e maneiras à frente do PC. Aproveitei para retocar o blog de modo a torna-lo um espaço só meu. O Marco não tem paciência e vontade para além de ter outros interesses portanto é mais que justo que eu reivindique e formalize o controlo sobre o blog. Ele não se importa :)

Mas falando das Panteras que é esse o tópico do texto.

Primeiro, “Quem são as Panteras Rosas?”. As Panteras são um grupo associativo LGBT que têm vindo a encabeçar vários projectos de acção contra a LesGayTransfobia (palavra complicada, não é), ou seja, contra a homofobia, no seu sentido mais lato, pois incidem-se igualmente sobre a transfobia. Não são um grupo recente mas também não têm a idade da Ilga, da Opus ou da Não te Prives. No entanto desde que se formalizaram como grupo, depressa mostraram ser aqueles que mais depressa partem para a acção directa em situações notórias e não notórias de expressa Homofobia. E estas acções vão desde a manifestações até a sabotagens. O próprio Sérgio Vitorino, o fundador das panteras em lisboa e uma das figuras lgbt mais visíveis dos media, já foi apelidado de “ o perfeito intelectual terrorista”. Não que ele se importe pois até tem orgulho nisso :)

Eu por mim não sou muito apologista de acções choque mas tenho que concordar com ele quando me diz que a inércia é a maior amiga da validação do preconceito e que só se consegue chamar a atenção da sociedade quando se lhe dá um estalo na cara.

Ora, por arrasto e pedido, tenho-me visto ultimamente a ser chamado para algumas actividades das Panteras. É do tipo: “O David é que tem formação para montar os vídeos para as acções de formação das panteras” - Tudo Bem!; “O David é bom para participar no programa da Rádio das Panteras” – Vamos a isso!








Há pouca coisa que ainda não fiz nesta vida








Dêem um lar às crianças!

Anteontem, em vias de comunhão familiar por ser domingo de Páscoa, reclinei-me no sofá dos papás a ver o noticiário da rtp. Às tantas, entre notícias sobre como o país vai mal e relatos de festividades religiosas do interior portucalense, passou uma reportagem sobre o Sistema de Adopção em Portugal, incidindo no facto da burocracia ser o maior entrave à rapidez do processo adoptivo e a principal razão pelos orfanatos e instituições do género estarem superlotados com crianças à espera de família.

Pensei para mim mesmo:”Não é só a burocracia! A discriminação também. Se não excluíssem à partida a adopção por casais homossexuais, o número de inscrições para famílias adoptivas aumentaria exponencialmente. Isso iria permitir haver um maior leque de escolha no processo de selecção e um maior número de possibilidades de se encontrar, com adequação, lares próprios para se dar a estas crianças.”

Pensei nisto, mas não o disse em voz alta para não levantar a discussão naquele domingo de Páscoa e ser acusado de ferir as susceptibilidades preconceituosas que sustenta o lar; um facto que se verifica na maior parte das moradias portuguesas, como se sabe.

Em vez disso disse: “Tantos entraves para algo que deveria ser tão simples e com tantas e tantas famílias à espera do direito de se puder adoptar...”

Ao que o meu pai disse: “Hmm, Hmm…”

Não cheguei a perceber ao certo se concordava ou não comigo!

Então a questão levanta-se: Quem é que pode afinal adoptar em Portugal?

Esta é fácil. Sei-a desde os tempos de Direito em que a minha sede de conhecimento dos direitos dos homossexuais andava em alta.

A prioridade é sempre dada a “duas pessoas casadas à mais de quatro anos”; não podem estar separadas judicialmente e têm que ter mais de 25 anos e menos de 50 (havendo depois outras condicionantes que transcendem esta regra das idades).

De seguida é dada “aos casais de sexo diferente que vivam em União de Facto” (transcrição da lei; uma das mais discriminatórias da ordem jurídica portuguesa).

Por último, “a todas as pessoas singulares, dentro dos mesmo limites de idade”.

Ora pelo que se entende deste último preceito, se fores um(a) homossexual solteiro(a), poderás estar elegível a ser adoptante! Mas em teoria, claro! Basta apenas ocultares quem és! Algo difícil e complicado uma vez que todos os candidatos são sujeitos a um estudo acerca da sua condição social e psicológica, num processo que demora cerca de três anos.

Então podem perguntar: É então em Portugal impossível ser-se homossexual e poder ter filhos? Não, não é impossível mas terás que seguir outras vias mais complicadas e árduas para o conseguir, como o processo da barriga de aluguer ou ter que ir à Holanda, ao Brasil ou outro país em que tu, como homossexual, possas usufruir desse direito. Algo infeliz se pensarmos bem pois como qualquer cidadão português que vota, paga impostos e contribui para o funcionamento da sociedade é-te negado um direito que devias ter, por uma lógica fundada no preconceito. Simplesmente em Portugal não querem crianças criadas por homossexuais com medo que estas se “tornem” também elas homossexuais. Isso, mais do que ignorância, é homofobia e as mais vitimizadas acabam por ser as crianças que crescem sem que lhes seja encontrada uma família e que acabam por ir parar a instituições como a Casa do Gaiato (que já visitei, quer acreditem quer não) ao fim do prazo limite de idade ilegível para serem adoptados (10 anos). Crescem num ambiente desenraizado com sistema educacional severo e são sujeitas a castigos corporais contestáveis e até proibidos em instituições escolares estatais. Mas ei! A vida é dura, certo?

Errado. Não tem que o ser. Por isso é que eu defendo:

E tenho dito!

"Reconhecendo que a criança, para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, deve crescer num ambiente familiar, em clima de felicidade, amor e compreensão;" - Declaração Universal dos Direitos das Crianças

David

Se o Coelhinho da Páscoa for inteligente irá perceber que o seu futuro está é na Odontologia!


David

Aos Gang dos Gatos Fedorentos: Hip, Hip, Hurra!!

O cartaz do PNR, colocado na Praça do Marquês de Pombal, já não está sozinho! Os Gato Fedorentos, essa genial e mestra pandilha do humor português, decidiram instalar um cartaz seu, mesmo ao lado do cartaz do PNR, já muito vandalizado, assumindo assim sua oposição contra a mensagem xenófoba do PNR e gozando com a figura do seu presidente.

Olé!!

E depois ainda dizem que só há gente sisuda em Portugal e que a comédia é uma baixa forma de expressão que não leva a nada. Ora tomem!

David



A Ângela e a Erica têm um Blog...

...e só agora é que tenho andado a visitá-lo :-P

http://comacabecaentreasorelhas.blogspot.com/


(eu devia-lhes pintar o cabelo de vermelho já que é assim que elas estão de momento, mas uma vez que o desenho foi feito antes da coloração e que elas já estão a pensar em mudá-lo...é melhor deixa-lo assim)


David

"All That You Have Is Your Soul" foi uma das primeiras canções que aprendi a tocar na guitarra (os acordes eram fáceis!). Tracy Chapman sempre foi uma das minhas artistas de eleição. Poeta urbana de alma inquieta e voz de ouro. Para ouvir com atenção.

Tracy Chapman - "Would You Change?"



E o que dizer da sua antípoda portuguesa, Sara tavares? Num tom mais alegre e contagiante :)
Não sou capaz de parar de ouvir estar mulher cantar!

Sara Tavares - "Balancê"



"Be Cool and stay Cool" é o que eu costumo dizer! Enjoy the music.

David

A última do PNR, isto é: "Partido (Ultra)Nacional Retardário"

Ainda me lembro do dia em que o meu pai entrou pelo meu quarto adentro com um olhar inquisidor e mão estendida, segurando na mão uma carta do PNR endereçada para mim. - “Pensei que estivesses filiado na JS”, disse ele. –“E estou. Isso deve ser só um panfleto. Pedi isso para conhecer melhor a posição politica desse novo partido”, disse eu. E estava a falar a sério. O PNR andava a dar os primeiros sinais de visibilidade (devo dizer imbecilidade?) activista e a informação que fornecia no seu site oficial era escassa e obscura, só mesmo acessível para quem a requeresse por correio. Foi o que fiz! Dei azo à expressão “know thy enemy”(conhece o teu inimigo).
Ora bem, então quem é esta gente? Nada mais nada menos que uma cambada de fascistas, cunhados sob os epítetos de Hitler, Mussolini e Salazar, que andaram anos e anos a tentar legalizar um partido de extrema-direita, apesar de nunca conseguirem as cinco mil assinaturas necessárias para o efeito e que não sendo capazes de formar um partido de raiz, compraram um na falência (o PRD), mudando-lhe o nome e o programa.
Desde então já deram a provar ao País vários dissabores anti-democráticos, revestidos e dissimulados pelo o cariz “nacionalista” que propagam; como a sua suposta “manifestação pelos valores da família tradicional portuguesa”, por exemplo, que relacionava a pedofilia à homossexualidade e condenava um alegado loby gay que, no seu entender, pressiona a classe política. Manifestação essa que nos obrigou a fazer precisamente uma Contra-Manisfestação às proclamações homófobas e discriminatórias. Quem se lembra?

A última deste grupinho é fulminante. Um cartaz em pleno Marquês a proclamar o xenofobismo! Digam-me porque é que isto é admissível? Não é claro que isto é uma flagrante violação da própria Constituição e do Principio da Igualdade? Um apelo ao preconceito e à discriminação racial?

E isto ainda por cima no Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades!

Impressionante! No mínimo!

David

Memorial a Gisberta

“Quem é Gisberta?” Poderão perguntar mentes inconscientes do que se passa ao seu redor. Primeiro que tudo, Gisberta já não é. Foi.
Imigrante, transexual, seropositiva, toxicodependente, prostituta e sem-abrigo. Substantivos pelo qual a sociedade tende a sentir repulsa, levando-os a cair no alvo do preconceito, da discriminação ou da indiferença. Gisberta tinha-os a todos e isso colocava-a numa posição de extrema fragilidade; um ser susceptível a ser vítima daquilo que se entende por crimes de ódio.
Gisberta morreu pelas mãos de um conjunto de 14 rapazes, entre os dez e 16 anos, a maior parte deles provenientes de uma instituição de acolhimento de menores da cidade do Porto ligada à Igreja Católica. Fez um ano em fevereiro que morreu e a sua triste história deu azo a uma série de discussões polémicas sobre a criminalidade juvenil e a intolerância social. Agora várias associações LGBT’s nacionais pretendem reivindicar à Câmara Municipal do Porto, através da recolha de assinaturas, que se preste uma homenagem à Gisberta através de um memorial.
E daqui partem questões interessantes que vale a pena reflectir. Primeiro, que razões há que suscitem o interesse em se promover esta iniciativa? Serão elas fortemente justificáveis para exigir tal reivindicação? Será pertinente tornar Gisberta numa mártir? Há quem avoque que não.
Mas uma coisa é certa. Os acontecimentos ligados à sua morte não devem ser ignorados. Os resultados de um crime tão bárbaro (que ficou impune) aclamam que sejamos todos constantemente chamados à atenção sobre os perigos da discriminação e dos direitos ainda em falta. É importante lembrar que Gisbertas há todos os dias, e que a Les-Bi-Gay-Transfobia mata em Portugal de muitas maneiras.
Serão essas razões suficientemente fortes que se justifique a construção de um memorial? A resposta ficará ao critério de cada um.

Se esta questão te interessa e pretendes dar o teu nome à causa, procura informar-te em algumas associações LGBT como a "@trans” ou as "Panteras Rosas" sobre este projecto.

E se querem saber, eu por acaso assinei.

David

4º Ciclo de Cinema LGBT da rede ex aequo


Nestes três dias passados realizou-se o ciclo de cinema de temática LGBT (lésbica, gay, bisexual e transgénera) da rede ex aequo, um evento que vem a ser realizado todos os anos desde 2004. Se perdeu o desde ano, fique atento que para o ano haverá mais, com certeza.



Para saber mais sobre os filmes exibidos e comentários aos mesmos, poderá consultar o seguinte tópico do fórum da associação: http://www.ex-aequo.web.pt/forum/index.php?topic=11620.0

David

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