Uma maneira de dizer que te amo...

David Erif

Nova Equipa coordenadora. Peregrino coordenador e Introspecções passadas

Ontem, passado um ano, deu por terminada a minha função como coordenador do grupo ex aequo lisboa, grupo integrante da associação juvenil, “rede ex aequo”, para jovens LGBT dos 16 aos 30 anos.

Hoje foi o Peregrino a assumir o cargo, juntamente com uma nova equipa que irá desempenhar a função durante o próximo ano. Aos cinco, e em especial ao Peg, (off course!), aqui ficam os meus votos de um excelente desempenho. O que acontecerá certamente ou não os conhece-se eu de ginjeira!

Com o fim de um período dei por mim a fazer uma retrospecção a post meus, escritos no fórum da associação, durante o ano passado. Aqui fica um deles:


"Luta Interior

Tenho consciência social e não sei o que fazer com ela.

Há milhares de crianças a morrer de subnutrição enquanto no edifício central da Onu cerca de 1140 indivíduos passam horas, dias, semanas e anos, a falar da pobreza mundial, sem nada fazer…. 1140 pessoas num edifício que custa 10 milhões de euros por ano só a manter…a falar de pobreza.

Um miúdo morre de subnutrição a cada cinco segundos.


Calço 1 ténis. Um miúdo morre.

Inspiro fundo. Um miúdo morre.
Olho para a parede e penso. Espera. 25 segundos. Quantos é que já morreram?

Dou por mim a preso a imagens que não desejo ver. Ao almoço. Ao andar pela rua... Que raiva tenho por vezes de sentir-me em mim.

Quando um dos meus amigos morreu, ocorreu-me mais tarde: do momento da colisão até ao seu último suspiro cerca de outros 8100 foram com ele.
Foi um acidente. É tudo um acidente. Mas quantos morrem a desejar que as coisas tivessem sido diferentes? Que vidas não estão dependes de outras?

E eu meto-me no pc a escrever sobre isso… uma máquina que me custa talvez 2 euros por dia, quando meio mundo ganha menos que isso ao dia…

E porquê é que raio isso me preocupa? Queixo-me porquê? Como me posso queixar? Como é que posso dizer que o que digo tem algum significado?! Que o que sinto merece alguma atenção face a tudo o resto?

Preocupo-me com os meus amigos que passam por momentos difíceis…

Mas 3 biliões de pessoas vão passar o dia a beber água não potável, se conseguirem alguma…
E eu quero preocupar-me com tudo e todos… mas como posso?
Aonde é que eu posso delinear uma linha?... Aquelas pessoas merecem piedade. Aquelas merecem ser chamadas à atenção.

Talvez seja eu que precise de uma chamada de atenção para parar de me preocupar tanto.

A mim deram-me o mundo de bandeja. Porquê? Porquê é que eu mereço uma bandeja quando há pessoas cujas refeições parecem-se com os restos que deixo no prato?

Gostaria de dizer que não quero nada. Dizer que renego tudo o que tenho. Que o conseguiria fazer.

Mas não acho que consigo…. Gosto dos meus privilégios e isso incomoda-me.

Porque é que tenho uma consciência social?


8100 crianças devem ser morrido enquanto eu me entretenho a pensar sobre elas.

Escrevo esta linha. Um miúdo morre..."



Aproveito para pedir: Junte-se a mim na luta contra a Fome Mundial! (clique no link)

Obrigado.

As folhas já começam a cair das àrvores... é sinal que

David Erif

a banda sonora do dia




não fomos à ponte... mas passeamos e andamos por aqueles relvados todos.
encharcamos os pés
deitamo-nos no pontão
conversamos à chuva
e ainda comemos gelado ao som de yann tiersen.

hoje é a minha banda sonora do dia

"Two Guys on the Run"... ou não

David Erif

em relação ao festival... ui

Tens mesmo de arranjar o electroshock. Não dá para perder.
Quando tive o programa na mão, o electroshock e un año sin amor foram dos primeiros titulos, a serem seleccionados com um círculo encarnado.

Infelizmente não vi nenhum deles, ainda por cima, o filme argentino foi distinguido com o prémio de melhor longa-metragem. [sun, bem que podemos dizer - shame on us :/]
Apesar de ter estado ausente, na maioria da temporada, ainda consegui ir ver a sessão de curtas - Playing a Part e o Brokeback Mountain [eu ainda não tinha visto, acreditam?]

em relação ao brokeback...

[antes de +, continuo a concordar com o oscar de melhor filme para o crash]

nem sei o que dizer...já que todos sabem que conta uma história de amor, de um amor proíbido pelo tempo e pela mentalidade. falo daquilo que pensei e que senti.

O filme despertou multidões para a nossa existência. Acredito que ainda muitos ignoram que existem diferentes formas de ser e amar. Mesmo o sabendo, as suas vidas não se encontram [aparentemente] em contacto com esta diferença, e por isso, agem ignorando. O filme obrigou muitos a aceitar e a compreender as diferenças e as semelhanças - amamos os mesmos géneros, mas o que sentimos quando amamamos, é amor.

Adorei o filme. Lembro-me de amigos me terem dito que o achavam um pouco duro e outros apaixonante, que se tratava de amar e de querer sempre mais. Senti as duas coisas e +.
. tensão que existe quando se é obrigado a estar com quem se ama, apenas 2 a 3 x's por ano.
. desejo de querer sonhar, planear e desejar o mundo com essa pessoa, e toda sociedade o dizerem não, muitas vezes pela própria boca de quem é amado.
. tristeza de se anularem, reprimirem, viverem somente uma parte de si, como no mona lisa smile - lá por estar a sorrir não quer dizer que seja feliz.
. raiva::tristeza::decepção por não terem conseguido libertar-se dos seus medos e por agirem de uma forma que eu não agiria, talvez por viver em 2006 e não há cerca de 30/40 anos. Não consigo explicar, mas senti penas das familias deles, que nunca viveram na verdade e que sempre sonharam com base no que lhes era representado. É verdade que eles os dois sofreram, mas arrastaram mulheres e filhos. Lembro-me de ter ficado passado, quando Alma viu os dois juntos, mas também não dá para os julgar.


Felizmente vivemos em 2006, e pertencemos a uma nova geração lgbt. Por já podermos viver em conformidade com aquilo que sentimos.
o filme está excelente por isso. Por mostrar o que é viver em dois mundos diferentes. Os dois mundos de Jack e Ennis e nenhum deles o verdadeiro.

Hoje em dia, não pode fazer sentido, continuar a existir esta dualidade. Viver em dois mundos diferentes, num esconde esconde. A vida quer que sejas feliz, mas tu tens de ser honesto com ela e contigo. Mas isto é outra coisa que falarei...

[as curtas ficam para amanhã, que tenho de ir dormir]

m peregrino

Recordações da Ilha do Pessegueiro

O nosso agradecimento ao Lusitano pelo fantástico desenho
m peregrino

Electroshock e as Mulheres que não sabem estacionar

Vou somar mais 1 à lista de filmes vistos no festival Gay e Lésbico de Lisboa (Hurray for me!!). Conhecimentos na organização do festival (muito obrigado Cassilda Pascoaes) levaram-me a ir ver a sessão de encerramento, ao custo mínimo de zero euros. Filme escolhido – “Electroshock”, de Espanha e rodado em DV (único senão para mim. Nunca desapareças película, por favor!). Um filme lésbico com uma história extremamente tocante. Eu, que nem uma lá lágrima vertera pelo Brokeback, vi-me neste a ter que limpar uma ou outra a meio da sessão. Pieguices, pieguices, pieguices….verdade.

Componhamos o cenário: Espanha, 1973. Com Franco ainda no poder, o conservadorismo e as convenções tradicionais não são apenas escolhas. São leis, que punem todos aqueles que as infringem, como a homossexualidade, que dá pena de prisão. Neste ambiente vivem duas mulheres (adultas) que o acaso e o desejo as levam a irem viverem juntas. O infeliz resultado desta acção leva a que sofram uma separação forçada pela policia e pela própria família de uma delas que a interna num asilo psiquiátrico. Submetida a um tratamento de terapia de choque durante 4 anos, ela acabará por sofrer, durante toda a sua vida, as repercussões desse tratamento. Mesmo quando ambas se voltam a reencontrar. Mesmo quando tem a felicidade assegurada...
… e se acham que já contei o filme todo enganam-se porque o filme ainda é mais do que isto.
Tenho, sem falta nenhuma, ver se o arranjo.


E continuando no feminino, acabei de ser informado que uma marca de cerveja italiana (Peroni de nome) lançou um anúncio comercial televisivo que goza com o estereótipo sexista e sem fundamento de que as mulheres não sabem estacionar o carro (e conduzir, por adjacência). Segundo consta, o anúncio começa por mostrar uma mulher do século passado que não consegue estacionar a sua carruagem de cavalos, enquanto é observada por dois homens que bebem cerveja Peroni. Passam depois cem anos e a situação repete-se com uma mulher dos dias de hoje. O anúncio termina o lamentável slogan: “Felizmente, há coisas que nunca mudam”….
Verdadeiramente infeliz, dispensável e completamente ignóbil.
É claro que o anúncio não deixou as vozes da consciência indiferentes e uma advogada (Laura Vasselli, para que conste) entrou de imediato com um processo judicial contra a dita marca com base em preceitos discriminatórios.

Gosto de histórias que acabem bem.
:)

David Erif

A propósito do Festival Gay e Lésbico de Lisboa

Já este se dirige à sua recta final e a contagem de número de filmes vistos resume-se ao um patético “1”! E AINDA POR CIMA…ao mais comercial deles todos… Sim, o “Brokeback Mountain”… (Que a cólera vingativa dos adoradores pagãos do cinema Indie, não se abata sobre nós!).

Pura falta de tempo e disponibilidade para seguir com a afincada pontualidade o programa do festival, é essa a única razão explicativa.

Digo adeus à curta “Le Fabuleux Destin d’Amélie Putain", que sendo boa ou má (não sei) era o filme que tinha, simultaneamente, o melhor e o mais ridículo titulo do festival. E também ao filme português, “Doutor Estranho Amor” de Leonor Areal, que afinal já conheço à uns tempos. Para quem viu o filme e queira dizer-lhe algumas palavras, pode sempre consultar o seu Blog –» Aqui!


Só um à parte: acho que continua a ser uma tremenda falta de desconsideração chamar ao festival “Gay e Lésbico de Lisboa”, excluindo tanto os bissexuais, como os transexuais, que sempre marcaram presença em todos os festivais que se organizaram. Acho que já era altura de se pensar em re-nomear o titulo do Festival.


Sobre o “Brokeback”… não há muito para dizer, o filme já foi suficientemente escrutinado com mil e opiniões contrárias, e amplamente analisado, tanto no seu sentido artístico e na qualidade de mérito técnico, como na qualidade de produto cultural e sociológico, reflexo de uma nova mentalidade social em relação à homossexualidade.

Portanto, não vou acrescentar mais nada. Nem me apetece!

Agora, se gostei do filme? Gostei de o rever. O Peg é que ainda não o tinha visto portanto só ele poderá dizer qual foi a sua primeira impressão do filme. Eu, ao fim de 4 repetições, já há muito que a perdi. Mas ainda sustenho a minha convicção, contrária a todas aquelas opiniões que dizem que se o filme não fosse de temática homossexual, não teria nenhuma particularidade especial. Seria apenas uma história romanceada, comum a muitas outras. Completamente Errado! Não seria possível contar a história de um romance heterossexual, exposto à mesma igualdade de circunstâncias decorridas no filme. E se lhe falta a visão shakespeariana de um filme “à la Titanic” é porque a história não segue a espectacularidade, mas sim uma vertente real de algo muito perto do verídico. E isso, desculpem dizer-vos, é o que torna o filme belo.

Por mim, muito obrigado Sr. Ang Lee por ter trazido a um público tão vasto uma história de amor tão concreta e simples, igual a tantas outras, mas diferente das demais e que acabou por levar tantos portugueses a irem ver, pela primeira vez, um filme gay.

David Erif

Apresentação de Marco Peregrino


Poema a Peregrino:

Peregrino, como escolhes tu
As estradas por onde a felicidade corre?
Os caminhos por onde a saudade foge?
Os trilhos que te hei-de acompanhar
E a via que me leva a te amar?

Percorres rumos sem alcance
Eterno guerreiro viajante
Que de espada em punho, desafia mundos
Sempre em frente, sempre avante

Como sabes tu os atalhos a percorrer
Para a alegria encontrar?
Que sábio em ti sabe compreender
Os segredos que me impelem a te beijar?

És o nómada que vagueia a minha imaginação
Que percorres os todos os espaços
Todos os espaços, do meu coração

És tu o fogo que arde sem se ver
Uma faísca que se incendeia
A chama ardente que vagueia
E que queima sem doer

Por ti percorro também o mundo
Lutando sempre ao teu lado
Feliz por saber seres meu,
E por ti ser amado

É lamechas... eu sei... :)

David Erif

O Tempo Muda…. Muita Coisa!

Lembro-me de dizer “Não gosto de Blogs”, repetidamente e constantemente, sempre que me perguntavam se tinha um.
Porquê? Bem… porque os considerava como espaços sem utilidade nenhuma, aborrecidos ou com pouco interesse e usados por gente de grande ego que gosta de expor a público a sua vida privada. Era da opinião de que por 1 blog de conteúdo sério, pertinente e verdadeiramente enriquecedor, havia 500 outros cheios de historietas inspiradoramente iniciadas com frases mágicas, do género: “hoje dormi com peúgas” ou “acho que o meu nariz está maior do que ontem”. E a verdade é que não estava errado. Existem milhões de blogs preenchidos e decorados com histórias como essas, pelas quais vive e sobrevive o universo da blogosfera. O que estava errada era a minha opinião sobre esse universo e sobre essas histórias. Por outras palavras, estava enganado quanto ao valor da blogosfera.

Hoje, depois de, muito lentamente, ter submergido e mergulhado em mundos alheios, sei afinal o que é a blogosfera. É a ferramenta supra-sumo da liberdade de expressão, tal como a sociedade contemporânea a compreende. É dela a expressão das massas diligentes e sonhadoras que dão forma ao presente e fazem antever o futuro. É a porta- voz e o estandarte de milhões de inconformados e mil e um conformistas. É a confidente zelosa de alegrias, mágoas, crenças e dúvidas. E é o rosto de biliões que diariamente educam o mundo com a narração das suas experiências.







A todos eles, a minha saudação e o meu obrigado pessoal por partilharem comigo as vossas vidas. Graças a vocês, hoje sou um Humanista.









.... a propósito, ontem sem querer, acabei por dormir com peúgas

David Erif

Como tudo começou...

"a porta abriu-se e paramos os dois, ficamos espantados com essa aurora. era preciso respirar antes de avançar. a noite tinha sumido, o seu mundo desaparecera na sombra do novo luzeiro.
e assim tive que me adaptar a esta nova moldura, pôr uma cara diferente e aceitar o falso retrato.

subi aquela rua calado. queria ter-me despedido no escuro, percorrido lisboa na penumbra e habituar-me, gradualmente, à mudança do astro.
mas não foi assim, a noite foi embora e a luz voltou, trazendo com a sua transparência, o meu fardo e a minha mentira, fazendo-me crer que a magia tinha sido apenas ilusão

mas aquele beijo roubado, fugidio, foi algo que me fez crer e sonhar

m peregrino

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